Aposta do velho chico
Autor da publicação: Gustavo RabirerosPosts populares
RIO — “Velho Chico” terá como personagem central o Rio São Francisco. A destruição ambiental será o pano de fundo da trama, que envolverá a rivalidade de duas famílias vizinhas. De um lado, o Coronel Jacinto (Tarcísio Meira). Do outro, o Capitão Rosa (Rodrigo Lombardi). Essa pendenga atravessará gerações. Os Rosa são defensores da justiça social, em oposição a seus inimigos, típicos coronéis do Nordeste. No elenco, Fabiula Nascimento, Chico Diaz , Cyria Coentro, Domingos Montagner, Camila Pitanga, Antonio Fagundes, Christiane Torloni, Carol Castro, Marina Nery, Selma Egrei, entre outros. A ideia do diretor Luiz Fernando Carvalho é voltar muitas vezes às locações quando a trama estiver no ar.
Carvalho aposta que o público está com “saudade da brasilidade nas novelas”:— Gravamos no Brasil profundo: no Rio São Francisco e no sertão. Nosso desenho de produção é todo voltado para que essas viagens aconteçam regularmente e não fiquemos limitados à cidade cenográfica. Para isso, reduzimos o número de personagens a cerca de 30. Entre os atores, temos uma média de 60% de profissionais regionais. E o que vejo é que o Brasil, apesar de tantos descuidos, continua sendo uma potência de talentos absurda — comenta ele, que trabalha com a equipe que vem formando há três anos no Galpão, no Projac, incluindo os diretores Carlos Araújo, Gustavo Fernandez e André Barcinski, a figurinista Thanara Schönardie e os cenógrafos Keller Veiga e Danielly Ramos.
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— Sinto a necessidade de trazer de volta o melodrama. Nossa dramaturgia sempre foi puxada pela emoção. No centro dessa trama está a família. É uma saga de gerações, com uma pitada de aventura e ação. Um clássico de Benedito. Passamos a última década seduzidos pela produção estrangeira de seriados. Acho que foi uma investigação sadia, mas eles trabalham com outras chaves dramatúrgicas. Enquanto miramos em outros gêneros, soltamos a mão do folhetim.
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TV
Determinado, forte e hosnesto, assim é Belmiro dos Anjos (Chico Diaz), em Velho Chico. Ao lado de sua mulher Piedade (Cyria Coentro), o personagem fez de tudo para tentar sobreviver com a seca do Nordeste e não desistir de seu pedaço de terra, que conquistou durante uma vida inteira. Mas, o nascimento de seu filho Santo fez seus planos mudarem completamente. Para dar uma vida mais digna à criança, o retirante foi buscar emprego em Grotas do São Francisco. E foi lá que ele conheceu Ernesto Rosa (Rodrigo Lombardi), o capitão que abrigou sua família.
Entretenimento
Os rumos desta história, porém, tomaram outras proporções. Belmiro logo se tornou o braço direito de Ernesto e, com o assassinato do patrão, terá que lutar com unhas e dentes para sobreviver nesta "terra sem lei". Reveja a cena abaixo:
Diante da situação, Chico Diaz prevê que o personagem ficará cada vez mais forte e atento em relação ao rival "Sujeito bom que é, não usaria a palavra revolta para definir as atitudes de Belmiro. Na verdade, é uma atenção contra o que a ganância dos de Sá Ribeiro pode fazer contra Piatã [a fazenda da família do capitão] e sua família É uma questão de sobrevivência contra o predador, o mais forte que, em geral, não se contenta com o que tem", explica o ator, que acredita no bom coração do retirante: "Mas aí chega o amor de seus filhos e o amor subverte tudo!".
Música
Antes disso, entretanto, Belmiro cogitou deixar Piedade e Santo com a família Rosa para poder partir em busca de um emprego melhor. Ao avaliar a possibilidade do personagem passar um tempo longe do filho recém-nascido e da mulher, Chico Diaz defende que a situação não acontece só em novelas. "Assim é. Tantos pais e mães que diariamente têm que se afastar da família para cuidar de outros ou ficar longe de todos por anos para poder ter uma vida mais digna e mais oportunidades", pondera.
Diversos
A sequência em que ele havia anunciado a partida também foi marcada por uma cena inesquecível, onde Belmiro, após sofrer por anos com a seca do Nordeste, se refrescou nas águas do Rio São Francisco. "Foi lindo Só se deu graças à generosidade do diretor Gustavo Fernandez, que viu no encontro a possibilidade da cena Ali se dá não só pelo encontro com a água e o rio, mas também pela angústia de querer saber onde a vida o levará. Tanto ele, quanto sua família", destaca o ator, que brinca com a situação: "E aproveitando para fazer piada Tomar o banho que ele não tomava há um mês! (risos)". Emocione-se novamente com a cena:
Parceiros
As gravações também foram uma aula de vida para o ator. Chico Diaz salienta que gravar onde se passa a história foi emocionante e fundamental para a composição do personagem: "Chegando lá, fiz questão de coletar o máximo de dados possíveis daquele lugar e daquelas pessoasO jeito, o tempo, o olhar Pequenos detalhes que pudessem ajudar na partitura do Belmiro".
Informação Importante
O ator também destaca que ficou encantado com a garra dos nordestinos: "A generosidade e a grandeza. A sabedoria e a certeza que eles têm, apesar de tanto preconceito, de serem raiz do Brasil O amor pela terra e, fundamentalmente agora, o amor pela água".
A segunda fase de Velho Chico chegou aos dias atuais. A história, que se passava entre os anos 60 e 80, retrata o cenário de 2016 e levanta uma série de questões carregadas na profundidade de cada personagem. Para explicar as mudanças que os quase 30 anos provocaram em Grotas do São Francisco, o autor Bruno Luperi destaca os principais acontecimentos, mas garante que uma coisa não muda: "Nem mesmo a força do tempo pode contra um verdadeiro amor".
"Os anos que se passaram trazem um novo sabor. Seguimos contando uma nova etapa da mesma história, agora sob uma nova perspectiva de tempo e espaço. A cidade de Grotas parece ter parado no tempo, como tantas outras cidades ribeirinhas e como tantos coronéis. Vemos o desabrochar de alguns personagens em grandes homens e mulheres, enquanto outros fizeram de tudo para resistir ao novo, como Afrânio (Antonio Fagundes) e Encarnação (Selma Egrei). Eles dois, inclusive, resistem e lutam contra o tempo, apesar de o Saruê ser um homem adaptado aos modos e costumes do sertão e da política vigente", contextualiza o autor.
MAIS GSHOW
O liricismo do passado dá lugar a uma realidade ainda em construção, onde os personagens e o ambiente ainda estão sendo descobertos pelo público. A diferença entre as duas épocas é, de fato, marcante para todos, mas Bruno equipara sua missão em ambas: "Saí da primeira fase com a sensação de dever cumprido e com um compromisso redobrado para o que está por vir".
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O autor ainda descreve as gratas surpresas que fizeram parte do processo: "Não foram poucos os momentos e passagens nos quais me vi emocionado. A entrega de todo o elenco e da equipe foi, talvez, a maior de todas as alegrias. Isso ficará marcado em minha memória sempre", garante Bruno, que assina a novela ao lado de sua mãe, Edmara Barbosa. Eles são neto e filha de Benedito Ruy Barbosa.
